segunda-feira, 25 de abril de 2011

Como eu queria...

Como eu queria
Uma lua cheia a me iluminar
Um céu estrelado a contemplar
Tua voz a mim inspirar
E tua atenção a me ouvir
Os prantos de um pranto que não era teu
Uns prantos que me fez ter na lembrança
Ao menos pelos instantes que ouvia tua voz
Perdia-me nela de tão linda
E teu abraço tão sincero
Parecia um anjo de tão singelo
E eu aqui deixei ir
A emoção que só aquela viola trazia
E que em teus cantos sonhei
Um amor de outro tanto
E de tanto sonhar, esqueci de te amar como devia
E hoje aquele que dizia ser amor passou
E tu, és eternamente vivo em meu coração
Como um grande amor, incondicional a qualquer apego
Certo como talvez nenhum outro
E ainda que não tenha o mesmo cenário
Com o teu abraço, tenho certeza
Que tudo valeu a pena
E quantas outras canções viessem
A me recordar o quanto sou feliz
Por ter você em minha vida!

sábado, 23 de abril de 2011

A chama, o cálice e o pão

A chama da vela
O vinho do cálice
O pão da ceia
A crença na chama
O temor ao cálice
O agradecimento do pai
A procura da fé
A dor do cálice
A traição da ceia
E vem novamente
A chama da vela
Agora inundando os corações de pouca fé
O cálice de vinho derramando o sangue pelo perdão
O compartilhar do pão aqueles famintos
Forte como a chama da vela que se faz a luz do mundo
Resistindo as guerras invocadas por seu nome
Levando o pão aos que cuspiram em seu corpo
Afasta esse cálice de sangue que cobre a mente dos perversos
Dai a estes a oportunidade de saber o quão maravilhoso é
Viver sob a luz que inebria a alma eterna
Fazei de Jesus o nosso elo com Deus
Perdoai aqueles que apagaram a chama da vela
Perdoai aqueles que derramaram o cálice de sangue
Perdoai aqueles que traíram o “pão” da santa ceia!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

...

Um dia assim
De poucas palavras
Um tanto de silêncio
E o meu sentimento
No estado mais absoluto
A procura de um canto desconhecido
E se ele não existir
Eu procuro outro dia
Com mais um tanto de palavras
E mais um pouco de silêncio
Onde eu possa encontrar minha fé
E saber que estás bem aqui
Tão perto
Onde não é preciso esforço
Mas enquanto houver inquietude
Será bem mais difícil
Entender que o meu coração é tua morada!

domingo, 17 de abril de 2011

Questionamentos

Onde estão os valores que aprendi que existiam?
Onde estão as pessoas com boas intenções desprovidas de interesse?
Onde está a paz que tanto desejamos?
Onde vive a solidariedade tão almejada?
Onde estão as pessoas que não pensam nos bens que possuem?
Qual será o legado que deixaremos a nossos filhos?
Um pedaço de terra deste latifúndio?
O apego ao que pode ser tocado é tão forte
Sendo esquecido exatamente o que mais importa: o intocável
Aquilo que de fato é o que engrandece nossa alma
No fundo caminhamos a procura de uma resposta material
Para que o mundo perceba que existimos
E aí sim, ao sermos notados, receberemos aquilo que cada um convém dar
Seja um abraço, um riso, um olhar sincero, um beijo e até mesmo um aconchego
E o que fazer com aqueles que não conseguem ter a matéria almejada pelo meio social?
Onde encontram o abraço, o riso, o olhar sincero, o beijo e o aconchego?
Se os valores invocados neste mundo viessem de dentro pra fora
Todos seríamos felizes incondicionalmente
Seria possível viver tão despretensiosamente?
Não diria despretensiosamente, pois deve existir pretensão para adquirir um sorriso do outro o tanto quanto há pretensão para comprar um bem material, a grande diferença é que a nossa cultura do apego, nos faz sermos refém daquilo que nos é imposto, e realmente somos muito hipócritas, e fazemos projetos sociais defendendo na verdade a alma econômica de uma grande empresa, e se prestarmos muito atenção, veremos que o apego é tão superior a nossa razão que se nos fizermos uma pergunta do tipo: “será que eu abracei uma criança carente alguma das vezes que lhe dei uma esmola?”- com certeza a resposta será não, vez que a cultura do apego é tamanha, a ponto de acharmos que as míseras moedas que damos é o suficiente para calar a boca do pedinte. Podemos até calar a boca do pedinte, mas o sentimento de desprezo aqueles que estão a margem da sociedade, este sim, com moedas não conseguiremos nada resolver. É tão simples, mas parece tão difícil, condicionamos tanto o amor, que amar até mesmo aquilo nos convém- com as características aplaudidas pelo seio social- já é difícil, quiçá amar o desconhecido marginalizado.
Onde está este sentimento amargo dentro de nós? O qual até nos faz nos livrarmos do apego material e darmos umas moedas para um necessitado, mas não nos faz capaz de doar um abraço, um sorriso, um afago aqueles que precisam. Sabe porquê não conseguimos? Somos vazios do amor incondicional, como vamos doá-lo se não temos?
As moedas chegam até sobrar, e doamos...mas uma mão pra ajudar a levantar, essa está cada vez mais deixando de existir. E assim, o que seria fácil- dar um abraço, se torna tão difícil, e o que seria difícil- ter “umas moedas”, se torna tão fácil, que estamos nos apegando e nos desapegando de maneira que os valores estão sendo desvirtuados, e se não tentarmos resgatar o essencial, vai chegar o dia que o amor vai ser uma convenção jurídica, aí sim, teremos um problema, ele não passará de uma lei morta!


domingo, 3 de abril de 2011

Uma realidade sonhada


Visualize neste instante um cenário de uma pequena montanha de frente para o mar, onde as águas batem nas pedras, formam-se ondas que sobem ao ar e misturam-se com o branco das nuvens;  surfistas sendo envoltos pelas ondas, outras tantas pessoas sentadas sobre areia da praia- ao lado deste cenário ideal-uma realidade projetada: uma jovem mulher sentada nas pedras lendo um livro, olhando este mesmo cenário, estando de costas para a vida real.
E por mais estranho que pareça, neste momento, a mulher, embora parecesse estar literalmente de costas para o mundo(que não é prazeroso) e de frente ao paraíso( que parece não poder fazer parte do “mundo”), ela consegue contrastar a realidade momentânea daquele lindo cenário natural, com a realidade rotineira expressada naquele livro que lia, num momento que estava de costas pra ela.
Exatamente diante de dois mundos: o cenário real sonhado- a  prazerosa praia e o cenário real vivido: a enfadonha rotina “mundana’, foi possível que aquela jovem conseguisse perceber o seu verdadeiro eu, a ponto de ter a certeza que a enfadonha rotina poderia ser vivida numa realidade sonhada.
Contraditório viver e sonhar? Não seria contraditório viver sem sonhar? Ou melhor, sonhar um sonho sonhado por outros? Seria isso viver? Seria isso sonhar? (...) um instante se congela na memória, e este se perpetua inquieto durante todos os momentos que vida permite que respiremos fundo- isto é sonhar!
E sonhando, aquela jovem mulher percebeu que é possível viver no meio de muita gente e sentir-se sozinha, vivenciando uma solidão de sonhos não compartilhados, não acreditados e falseados pelo mundo cotidiano. Bem como é possível não sentir-se só, ainda que estivesse sozinha, deste que estivesse vivendo seus próprios sonhos.
Estamos no meio de tanta gente, que em verdade, não é gente- é um povo que não sabe nem mesmo o que é sonhar, que nem mesmo sonha e tão pouco acredita que existe uma realidade diferente daquela vivida.
E assim, multiplicam-se os números, aumenta-se a contingência de um povo rico de informações e pobre de conhecimento, que assiste sua própria vida como uma telenovela, angustiando-se com as falsas mentiras e sorrindo com as alegrias já esquecidas.
Como alguém que não sabe até onde existe seu eu, ou até onde seu eu é apenas um produto do meio. Poderia este alguém dizer que sabe o que é ser feliz? E até mesmo quais os motivos que lhe possam fazer chorar?
Uma controvérsia se instala, aprendemos que desenvolver uma habilidade artísitica seja uma perda de tempo para este mundo mecânico, pois o que importa é acumularmos conhecimento, ainda que não saibamos como e onde deveremos usá-lo. O que faz as razões de sorrir e chorar perderem suas causas.
E assim, perdemos a sensibilidade de pararmos diante de um cenário natural e inebriar-se com seu encanto, mas adquirimos a curiosidade e necessidade de vermos na TV cenas de violência e miséria, e recusar-se a ver isto é negar a realidade. E criar um momento para ver outra realidade, é negar a vida real.
E assim, o que seria natural, torna-se atípico, e o típico se torna exatamente aquilo que nos enche de um mundo viril e estéreo de pensamentos diferentes- nos tornamos exatamente iguais uns aos outros, e ainda temos a hipocrisia de apontarmos os defeitos alheios.
Não saltemos os olhos, pois assim perderemos a noção do que seja real e do que seja utópico, mas saltemos o olhar e saibamos enxergar o que os olhos da alma são capazes de ver, nos desapeguemos dos pre- conceitos, criemos nossos conceitos diante daqueles já pré-conceituados, e façamos da rotina enfadonha um sonho encantado real.
Não precisamos ir distante, para nos sentirmos longe desta realidade que nos aliena e empobrece nosso espírito, encontre uma sombra de uma árvore se a praia lhe é distante, encontre o encanto de flores no jardim se uma fazenda lhe é impossível chegar, até mesmo tome um banho demorado e sinta as gotas das águas debruçando em seu corpo como se pudesse sentir a tranquilidade das águas de uma cachoeira. E assim, tente perceber os seus sonhos reais.
Não se trata de um encontro com um mundo utópico, por ser sonhado, mas exatamente o contrário, por ser sonhado pelo seu EU, que seja real. Saia desta realidade que lhe paralisa e entre nos sonhos que lhe movem e lhe fazem viver! “Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.”- já dizia Clarice Lispector.
Soltemos os olhos do corpo, e caminhemos além do que eles falsamente nos limitam a enxergar, olhemos com os olhos da alma, este sim, nos farão sonhar!